Posicionamento e verdade

Diante de lutas e problemas qual tem sido o nosso posicionamento? Temos sentido medo, angústia, fraqueza, desânimo? Quando olhamos para dentro de nós mesmos, o que vemos? Hoje falo sobre a diferença que um posicionamento específico pode fazer em meio a uma dificuldade.

Considere essa história real que ocorreu em torno de 1126 e 1115 antes de Cristo. Tempo de um homem que morava na cidade de Ramataim, na região de Ramá, área montanhosa de Efraim, atual Cisjordânia. Seu nome era Elcana. Ele tinha duas mulheres. A primeira chamava-se Ana. A outra, Penina. Penina tinha filhos, mas Ana não.

Naquela época, uma mulher honrada e abençoada era aquela que tinha muitos filhos, que era provida de fertilidade como um sinal da aprovação de Deus para descendência e continuidade da família. A mulher estéril era de grande vergonha e desonra para si mesma e para sua família de origem. Uma mulher, casada, com esterilidade era marcada como sinal de maldição e desaprovação de Deus. Essa mulher poderia ser devolvida à sua família, poderia ser mal falada e ser definitivamente rejeitada em sua comunidade. Não existia medicina capaz de tornar um ventre fértil. O único recurso estava na fé, através da ocasião de um milagre.

Era neste cenário, que se encontravam Elcana e sua família que, todo ano, viajavam até Siló (atual região norte da Cisjordânia) para adorar e oferecer sacrifícios a Deus. Elcana oferecia o sacrifício e servia a refeição sagrada a sua mulher Penina e a seus filhos e filhas; mas sempre dava uma porção generosa para Ana, porque a amava muito; apesar dela ser estéril. Sua rival a provocava sem dó, irritando-a e sempre lembrando-a de que Deus a deixara sem filhos. Isso acontecia todos os anos. Ana era provocada, chorava muito e até perdia o apetite.

Certa vez, Elcana, seu marido perguntou: “Ana, por que você sempre chora? Por que não come? Por que está tão triste? Não sou melhor para você que dez filhos?”. Neste dia específico, depois da refeição, Ana se recompôs mesmo com a alma amargurada, e de mansinho escapuliu para o santuário. Aflita, Ana orou. Desconsolada, ela chorou. Então fez um voto a Deus: que se ela tivesse um filho, ela o separaria, o dedicaria a Deus. Havia nessa oração uma determinada demanda, um pedido de socorro de uma alma abalada. Depois de um longo período de oração, Ana voltou para junto do marido e comeu com apetite. Agora estava radiante. No retorno para Ramá, Ana engravidou e teve um filho. Deu a ele o nome de Samuel, pois disse “eu o pedi a Deus”. Samuel foi o primeiro profeta registrado em toda a história de seu povo e Ana teve mais três filhos e duas filhas.

Agora considere. Diz a história que Penina tinha filhos e filhas. Elcana, ao falar com Ana, cogita o fato de ser ele, melhor do que dez filhos. Então quantos filhos Penina deveria ter no total? Mesmo não existindo historicamente essa informação, eu creio que Penina deveria ter dez filhos; isso em virtude do comentário de Elcana quando percebe a tristeza de Ana. Considerando que cada gestação em média dura 38 semanas, temos aí um período com cerca de 8 anos só de gestações de Penina. Então quanto tempo durou o sofrimento e a grande humilhação de Ana?

Um dia tudo mudou. Houve mudança depois de um posicionamento específico. Por isso, espero que essa história real seja uma motivação para que você se posicione diante de suas lutas. Derrame sua alma a Deus, entregue a Ele todas as suas aflições e angústias. Depois se recomponha, levante a cabeça e faça a sua parte, Deus fará a dele.

...a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Sl. 51: v.17b