Hei! Alma! Volte para o início do jogo!

“Onde foi que eu errei?”
“Eu estava tão bem hoje…”
“Por que minha alma dói tanto?”
“Deve ser saudade.”
“Do quê?”
“Não sei.”
“Não sei do que sinto saudades… Mas como posso ter saudades de algo que nunca vivi?”


Talvez seja saudade de ter tido uma família perfeita.
De pais amáveis e carinhosos.
De um casamento dos sonhos.
De uma vida que nunca existiu — mas que minha alma insiste em lembrar, como se tivesse morado nela um dia.


Reviro-me na cama. O sono não vem.
Então escrevo.
Escrever, para mim, é um modo de respirar.
É minha terapia com Deus.


Quero me abrir contigo, Senhor.
Quero chorar no Teu colo.
Mas não vejo Teu colo.
Não sinto Teus braços.
Apenas a dor — uma dor que não se explica, que não se mede, que vem da alma.


Talvez seja a proximidade da perícia do INSS.
Esse compromisso inevitável, que me causa repulsa.
Um peso. Um medo. Um abismo.


Preciso ser forte. Aguerrida — foi o que me disseram hoje.
O mundo quer pessoas firmes, preparadas, invencíveis.
Mas por que não nascemos assim?
Por que precisamos aprender a resistir no meio da tempestade?


Todos os dias tento fazer a minha parte.
Tento, e tento de novo.
Mas parece que o tabuleiro da vida insiste em me mandar de volta ao início.
De novo e de novo.


Recomeçar…
Quantas vezes ainda?
Até dar certo?
Ou até que eu entenda que talvez o “dar certo” não seja o fim,
mas o próprio ato de continuar tentando.


"dar certo" talvez seja o próprio ato de continuar tentando