Quero fugir da minha alma

Alguém já desfrutou de uma paz plena, serena e tranquila? Me conte então como se faz para conquistar isso. 

Quando estava tudo bem, na luta diária e constante da vida, veio um tsunami e acabou com tudo. Sobrou o fôlego de vida, a fé, as amizades genuínas e o filho que motivaram uma reconstrução. Era hora de colocar a "casa" em ordem, arrumar, organizar, limpar, cuidar, fechar as brechas, consertar, reconstruir, fazer de novo e melhor. Vários foram os momentos de "repuxos" do tsunami. Repuxos que, a cada vez, tentavam derrubar o pouco que havia sido reconstruído. 

O espírito de medo é presente e latente. Medo de receber alta do INSS. Medo de ter os recursos negados. Medo de ser rejeitada profissionalmente. Medo de afundar nessa fatalidade que já virou adversidade. O medo é o estado emocional resultante da consciência de perigo ou ameaça. Ok, então o que sinto é medo mesmo.

Me sinto malhada, moída, torcida e retorcida. Os hematomas estão na alma.  Desde o avc me tornei vulnerável diante de tantas emoções e sentimentos. Nunca havia sentido de forma tão consciente a rejeição, o abandono, o preconceito, a crítica, a acusação, o desrespeito, o desinteresse. Mas também nunca havia sentido tão fortemente a mão de Deus. 

O resultado desse turbilhão é a exaustão. Me sinto cansada. Cansada de descobrir meus direitos e minhas limitações. Cansada de percorrer esse labirinto. Estou exausta. Exausta de tanto sentir. Exausta de pensar. Exausta dessa reconstrução, que mais parece uma obra falida e enferrujada. Estou exausta por tanto esforço. 

Quero correr pra longe, mas sem me cansar. Quero me entregar ao mar profundo, sem precisar respirar e ouvir o silêncio profundo. Quero fugir da minha alma e me esconder em Deus. Quero estar num lugar novo, sem medo, sem dor, sem perdas.


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