O que é ser bom?

No início da minha adolescência "ser bom" era uma qualidade atribuída ao menino mais bonito da classe, ou daquela série. Na minha fase "aborrescente" havia um menino assim. Todas as meninas o admiravam. As meninas bonitas o respeitavam, as mais feinhas (como eu...rs) o achavam metido. Pedante e narcisista seriam os melhores adjetivos, mas naquela época nem conhecíamos essas palavras. 

Não que eu fosse horrorosa, mas eu era mal cuidada, meio breguinha. Cabelo estranho, duas taturanas imensas no rosto, dentes separados. Naquela época, não havia internet. O mundo ainda não era globalizado. A moda ainda era um mundo habitado apenas pelas modelos.

Ainda na memória coletiva, pairava um refrão da jovem guarda. Aquele que diz: "ele é o bom, é o bom, é o bom." Alguém se lembra disso? Achei um vídeo bem caseiro no YouTube, que representa um pouco o comportamento jovem, daquela época. Não que minha geração pertença à jovem guarda, longe disso, quero apenas transmitir uma ideia mais aproximada, do clima daquela época. Vivíamos à sombra da jovem guarda e às portas da revolução da comunicação, a internet.


Somente a realidade da vida me mostraria o que realmente significa ‘ser bom’. Essa realidade apareceu quando conheci o que era o cristianismo. Conheci a referência máxima da bondade e do amor (Jo. 3.16) simultaneamente em que conhecia a referência máxima e pessoal da rejeição. Conhecer simultaneamente o amor e a rejeição, com o Philippe crescendo dentro de mim, me fez experimentar o incomparável, o que não se pode medir ou pesar. Descobri e experimentei a graça.



“Descobrir a graça é descobrir a dedicação absoluta de Deus a você, 
sua obstinada vontade de lhe oferecer 
um amor tão limpo, curador, e purificador, 
que coloca o ferido de pé novamente.” 
Trecho de A graça bate à sua porta, de Max Lucado.

Sob a ameaça de uma chantagem (fazer um aborto ou perder a família), optei em perder a família. O instinto maternal se apoderou de mim, como um animal. Aliás, recomendo um vídeo imperdível sobre uma búfala e seu filhote. É algo mais próximo do que eu sentia. Eu perdia uma família, mas ganhava a segurança de ter meu filho. Desde o momento da concepção, eu já sabia que estava grávida, que seria um menino e que se chamaria Philippe. Era uma verdade absoluta dentro de mim. Estava impressa em mim e ninguém poderia apagá-la.


Foi dessa forma que o meu conceito de ‘ser bom’ mudou pela primeira vez. Após longos anos, após vários ciclos de vida, meu conceito de ‘ser bom’ mudou novamente. Eu diria que esse novo conceito que eu adquiri no passado, aos 19 anos, foi novamente ampliado em meus 36 anos de vida.


Aos 36 anos, passei por um derrame. Devastador. Em meio à luta descobri que eu era tremendamente amada por algumas pessoas. Uma delas se destacou. Um dia, ela levou ao meu quarto de hospital, o amor do seu lar, através da presença de sua mãe, de seu filho e de sua nora. Ainda acrescentou amor ao me presentear com um doce. Sua bondade estava em tudo. Estava em sua família, em sua risada, e até em sua porção mágica de maçãs em calda. 


Não sei explicar, mas seus pensamentos e suas orações estavam em mim. Sua bondade me atraiu para outro nível de entendimento. Eu a chamo de ‘alma boa’. Ela é naturalmente assim, em todo o tempo. É incrível. Sua força e sua paz são admiráveis. Em todo o tempo, ela pratica o bem, por que o bem faz parte da humanidade dela. O bem está nela. Foi dessa forma que o meu conceito de ‘ser bom’ mudou pela segunda vez.


“Este é o dom que Deus nos dá: a graça que primeiro nos concede o poder de receber o amor e depois o poder de doá-lo”. 
Trecho de A graça bate à sua porta, de Max Lucado.



Um presente pra ti, minha amiga, 'alma boa'. Bom final de semana!
"Sejam bons e atenciosos uns para com os outros. 
E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, 
perdoou vocês.” 
Efésios 4:32 (ntlh)