Como contemplar uma alma?


Desdobramentos dessa pergunta


Após ver um vídeo do professor e filósofo Lucas R. Bello, uma pergunta despertou minha curiosidade… “Como contemplar uma alma?”

Quase que instantaneamente, várias outras perguntas ferveram na minha mente inquieta:
“Eu sei contemplar minha própria alma?”
“O que Deus vê quando contempla a minha alma?”
“Minha alma tem algo de singular a ser contemplado?”
“Eu sei contemplar a alma do meu próximo?”
“Como se faz, de forma prática, para contemplar uma alma?”
“Quando Deus contempla a alma humana, o que Ele vê?”

O que fiz a seguir foi meditar a respeito e tentar trazer à tona — algumas respostas (ou mais perguntas…rs), começando pelo básico:
“Há algo de útil em minha alma para ser contemplado?”

Algo de útil na alma


Nas próximas linhas, espero ser capaz de encontrar um norte ou ao menos uma linha mestra para me auxiliar em minha busca por respostas à última pergunta que me fiz.

Para iniciar minha busca, vou fazer uso do meu espelho interno, por meio do qual pretendo observar e conhecer o reflexo da minha alma.

Logo percebo que a análise da alma humana não pode ser feita pela observação da superfície do ser, de forma estática ou meramente contemplativa. Não se trata de observar e conhecer o que se vê, mas de analisar o movimento que a alma faz.

1. Silenciar julgamentos


Primeiramente, acredito que para saber se há algo de útil na alma (ou o que há dentro dela) é necessário que no momento do encontro com meu reflexo, eu esteja completamente despida de todo julgamento sobre o que vejo na superfície, silenciando o que vejo no exterior, sem expectativas. Talvez esse seja um começo.


2. Observar e conhecer


Depois, talvez, venha a observação, aquela para além da superfície, além da máscara social. Um olhar com escuta, uma observação do movimento realizado entre dois pontos, tipo A e B, entre o passado e o presente, entre o que é dito e e o que é sentido, entre a situação de caos e a de plenitude — ou vice-versa. O que aconteceu entre os pontos? E só depois, é possível conhecer o que se observou.


3. O movimento que a alma faz


As características a serem conhecidas em uma alma podem, devem ou deveriam envolver aspectos como resiliência, compaixão, caráter, integridade entre dois fatos — ou seja, analisar os movimentos emocionais, sociais e/ou comportamentais (não sei bem como expressar isso) — tentando explicar: Considere a resiliência como aspecto a ser analisado. Qual foi a capacidade de adaptação após uma importante mudança? É mais ou menos isso que me referi no item anterior… observar o que acontece na alma entre dois pontos.

Começo, assim, a entender que avaliar o que há na minha alma é mais complexo do que eu imaginava. Talvez somente Deus tenha a capacidade analítica de contemplar a alma humana.

Reformulando… acho que tenho, sim, alguma capacidade de contemplar minha própria alma, mas somente Deus pode “escanear” minha alma e compreendê-la em sua totalidade.

Mas calma, ainda não desisti… (rs).

4. Primeiros resultados - O que observar, O que conhecer?


Todo ser humano tem em seu interior defeitos, imperfeições ou limitações, claro. Então gostaria de propor primeiramente o exercício desafiador de buscar somente pelo que é bom, verdadeiro ou coerente na alma, através de uma nova pergunta: “O que de bom me habita?”.

Estou considerando como referência para este ponto de partida as palavras de Jesus “O olho é a lâmpada do corpo. Portanto se você tiver um ‘olho bom’ [isto é, se for generoso], todo o seu corpo estará repleto de luz;” - Mateus 6:22 (Bíblia Judaica Completa).

Então baseada nessa premissa, volto à análise em si, acrescentando que não se trata apenas de observar o caráter de forma isolada, pois — como bem se sabe — a definição de caráter muda muito conforme as referências usadas. Pois, de acordo com Platão, caráter é uma coisa; pra Aristóteles é outra; pela psicologia ainda outra — e assim por diante.

Mas, basicamente, podemos concordar que o caráter é a forma de expressão da alma.

Então, se entendemos que o caráter é a forma de expressão da alma, ele não está localizado na alma. Desta forma, surge uma nova pergunta:

”O que há dentro da alma humana para que ela possa se expressar através do caráter?”

Mais perguntas? (rs)… pois é, parece complicado.

Proponho darmos um passo pra trás, para importantes e fundamentais considerações antes de outras conjecturas sobre a alma.

✔ De fato, a alma não é um produto ou algo palpável que possa ser identificado e descrito. Ela é invisível e insondável.
✔ É uma essência divina, um mistério que habita o ser. E por isso, é algo de extremo valor, algo realmente sem preço, que deve ser zelado, respeitado e honrado.

5. Honrando um mistério


Na falta de recursos palpáveis para o alcance de respostas fáceis, recorro novamente à Palavra.

De acordo com os escritos, a alma humana transcende o kronos e o corpo físico. Ela pertence ao domínio do que é espiritual e invisível. Nenhum homem é capaz de compreendê-la — apenas Deus pode esquadrinhar a alma humana.

Mas cabe a nós humanos seguirmos estudando e refletindo. Podemos não dominar esse conhecimento, mas é nossa obrigação aprendermos sobre a nossa própria natureza e refletirmos sobre ela. Honramos esse mistério quando estudamos e refletimos sobre esse tema. A contemplação da alma é um exercício de “visão sem olhos”, porém com “bons olhos” para descobertas de insondáveis belezas.

Parece complexo, mas na verdade é simples. A complexidade divina está além da compreensão humana — mas ainda assim é acessível ao coração.

E você, também tem uma mente inquieta? Se sim, estude, medite e faça perguntas. Ele responderá.


Complementares para essa reflexão:

✔ Música: Aquieta Minh’alma